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Duplos Sentidos (2000)

ESTE ESPETÁCULO
é um espetáculo de poesia. Como tal, são os poemas que atraem o nosso olhar ou, se quisermos, todos os sentidos. Esse foi o desafio que o Carlos e o Basílio lançaram ao grupo –fazer um espetáculo em que a poesia fosse dada a ver e a sentir –duplos sentidos…

Duplos Sentidos é um recital de poesia. Assim, é uma imitação de uma imitação. É por imitação da declamação em voz alta que os poetas faziam dos seus poemas, que se chama recital à interpretação da música para outros ouvirem. Aqui, os actores dizem como se tocassem um instrumento musical; chamam à cena –que é outro sentido de recitar, interpretando com a sua voz os poetas – os sentidos duplos dos poemas.

Duplos Sentidos parte do princípio de que o drama é uma capacidade tão possível a todos como pensar ou cantar; aposta que tudo pode ser posto em acção e em cena, de algum modo. Portanto, o recital dramático destes poemas foi sendo construído à procura de encontrar: a cena para os poemas que gostaríamos, os poemas para a cena que precisávamos.

Este espetáculo é um projecto em construção. Se agora aparece falando sobre a guerra e os seus fazedores, ligado peça teatral «Crap –Fábrica de Munições», pode mais tarde encenar poemas de amor, sobre animais, mesas ou cadeiras; se agora os poemas encontraram esta forma, eles podem permitir que lhes inventemos depois outras… e outras…duplos…

O recital foi composto em três andamentos: o primeiro, na polifonia do agrupamento dos músicos, fala sobre a criação artística; no segundo, a solo, cada músico-actor-poeta interpreta as suas variações sobre o tema recorrente de toda peça musical, a vida, aqui numa das suas facetas mais dúplices, a guerra; no terceiro e último, de novo juntos, os músicos evocam alguma coisa que fica…