«Diz a verdade ao poder – Vozes do outro lado da escuridão»
de Ariel Dorfman sobre livro de Kerry Kennedy
Encenação: João Maria André
Veja a exibição na Fundação Gulbenkian
Veja também a reportagem
Sobre a Peça
Os corpos que veiculam estas vozes, ou estiveram pessoalmente expostos à violência ou foram testemunhas dessa violência sobre outros seres humanos, grupos, ou nações. Alguns viram os próprios pais, filhos ou esposas serem violentados e levados durante a noite. Outros viram crianças serem transformadas em soldados e forçadas a matar. Cada um deles viu coisas intoleráveis: um homem morto por causa da cor da sua pele ou da cor das suas opiniões, pessoas levadas para cubículos fechados e executadas a sangue frio, soldados a apontar armas a populações, mulheres odiadas por causa das suas opções sexuais. Viram propriedades ancestrais serem roubadas aos seus proprietários, florestas a serem devastadas, línguas maternas a serem proibidas. Viram livros a ser censurados, amigos a ser sujeitos a tortura, jovens a ser escravizados. Viram advogados a ser presos e exilados por defenderem vítimas de violência. E, então, alguma coisa aconteceu. Algo extraordinário e quase maravilhoso. As pessoas encontraram um meio de falar, decidiram que não podiam viver consigo próprias se não fizessem nada, que não podiam continuar as suas vidas se permanecessem caladas. E à medida que começaram a falar, descobriram que não a violência, mas o medo, começou a desaparecer lentamente. Quando falaram e descobriram que outros faziam percursos semelhantes, que havia outras vozes, umas perto e outras longe, descobriram as diferentes maneiras de dominar o medo, em vez de deixar que fosse o medo a controlá-las.
Ariel Dorfman
Os Autores
Ariel Dorfman, escritor chileno-americano, ativista dos direitos humanos, é um distinto professor da Universidade de Duke, tendo escrito livros em espanhol e inglês atualmente traduzidos em mais de 40 línguas. Às suas peças de teatro, encenadas em mais de 100 países, foram atribuídos inúmeros prémios, incluindo o Prémio Laurence Olivier (por Death and the Maiden, mais tarde filmado por Roman Polanski). Em julho de 2010 foi-lhe dada a honra de proferir a Lição Nelson Mandela na África do Sul.
Kerry Kennedy é presidente da Fundação Robert Kennedy dos Direitos Humanos. Desde 1981, dedicou-se a variados temas dos direitos humanos incluindo o trabalho infantil, os desaparecimentos, o direito dos indígenas à terra, a independência judicial, a liberdade de expressão, a violência étnica, a impunidade, os direitos das mulheres e o ambiente. É autora de Speak Truth to Power: Human Rights Defenders Who are Changing our World (Crown Books/ Random House, 2008), que inclui também uma exposição fotográfica e uma peça de teatro de Ariel Dorfman.