Há muitas maneiras de “olhar pr’ó boneco”. Pode-se “olhar pr’ó boneco” sem olhar para boneco nenhum; ou olhar para o boneco que passa. Pode-se “olhar pr’ó boneco” com a “cabeça no ar”, ou com a cabeça noutro lugar. Pode-se ainda “olhar pr’ó boneco” sem ver nada; ou olhar para ver o que é que ele tem a ver connosco. Cada um pode, enfim, “olhar pr’ó boneco” à sua maneira.
Os bonecos que se podem olhar neste espectáculo são pessoas. Fazem de conta que são bonecos – são actores. Têm um corpo e sentem; falam e pensam ; partem e regressam… Como toda a gente.
Os bonecos e os actores são como toda a gente. Têm um papel para fazer. Têm as suas falas. Mas às vezes podem esquecer-se das palavras, enganar-se, confundir tudo. Como toda a gente. Mesmo que sejam palavras na sua língua, poemas que sabem de cor, histórias que se aprendem na escola – como é o caso das suas falas neste espectáculo – os actores podem enganar-se.
E se isso acontecesse neste espectáculo? O que é que se passaria então? Ficávamos ali a “olhar pr’ó boneco”?